Quando o vício é celebrado como virtude
A atualidade acostumou-nos a uma lânguida linguagem devido à cultura do politicamente correto e ao crescente relativismo em que vivemos. A confusão é tanta que já não se chamam os bois pelos nomes e este ambiente faz com que inclusive desconheçamos o significado das palavras. A este respeito temos visto cada vez mais indefinição sobre o que são os vícios e sobre o que são as virtudes. Tal é a confusão que por vezes trocamos o significado de uns pelos outros.
A coragem e a convicção facilmente passam por orgulho e arrogância, a castidade passa por beatice e por aí segue a confusão com muitos outros termos.
A inversão de valores é tão disseminada que atrocidades como a pornografia, o aborto, o adultério entre outras atrocidades são celebrados como conquistas civilizacionais. A sua disseminação é de tal forma que hoje a pessoa média já banalizou e normalizou completamente estes aspectos.
“Primeiro estranha-se depois entranha-se.”
Fernando Pessoa
Enquanto isto acontece por um lado, por outro a defesa da família, da identidade e da tradição são abertamente atacadas como se se tratassem de produtos de uma cultura opressora que deve ser combatida por todos os meios. Por agora a perseguição destas ideias é ainda maioritariamente realizada através da exclusão social e económica, no entanto, não são escassos os exemplos da história em que essa perseguição assume uma outra dimensão.
Desta forma, está criado um paradigma e um sistema de incentivos que premeia a pessoa que colabora com o sistema vigente. Tanto é assim que se multiplicam cada vez mais os exemplos de programas de quotas e subvenções que permitem, a quem possui um grau mais avançado de assimilação ideológica progredir socialmente atalhando o caminho para o fazer.
“Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons (…)”
Mateus 7:17-18“Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons (…)”
*> Mateus 7:17-18
Desengane-se quem pensa que no paradigma pos-moderno não há moralização, sacerdotes e uma matriz religiosa, tudo isso existe.
Os psicólogos, para mal da nossa sociedade, são crescentemente os sacerdotes desta religião pagã, aquela que baseada numa filosofia e antropologia erradas vai corrompendo intelecto e coração.
Nesta nova ordem social, que em abono da verdade é já antiga, a inversão de valores é tal que já a própria vida humana é sacrificada no altar do clima em abono da “mãe” natureza. Regredimos ao tribalismo que nos sugere que a natureza vale mais que a vida humana.
Este é apenas um exemplo dos rituais de sacrifício proporcionados pela “nova” religião. Um outro exemplo que podemos dar é o da castração química e física de crianças e jovens no altar da falsa compaixão e empatia. Ainda um outro exemplo que podemos dar é o da promoção do homossexualismo, do transexualismo e da não-monogamia como caminhos saudáveis a seguir, sacrificando a vida de muitos jovens confusos no altar da inclusão. Muitos mais exemplos poderiam ser dados, porque à medida que esta “nova” religião aumenta a sua ortodoxia os rituais vão ficando cada vez mais assombrosos.
Estes rituais têm por base uma apologia ao anti logos, quer isto dizer que procuram negar tudo o que é conhecimento básico sobre a realidade e sobre a verdade. A própria razão e lógica não se sustentam quando vemos situações como a de homens a competir em desportos femininos. As leis desta nova ordem são: “procura a felicidade (aqui muitas vezes entendida como o prazer) como fim último da vida “; “todas as opiniões são certas e não há uma verdade”; “Não servirás a nenhuma autoridade”; “não seguir o vício é opressão e seguir o vício é liberdade”.
Neste ambiente inóspito, quem quiser preservar a honra e a virtude terá cada vez mais dificuldade uma vez que a dissidência desta nova religião não é aplaudida, pelo contrário é anatematizada. Porém, importa dizer que independentemente da época há sempre espaço para o heroísmo e para a transformação destas dificuldades em degraus para que o indivíduo se possa distinguir dos demais pelas suas virtudes. Onde o vício abunda também maior o destaque será em relação à graça, como uma pedra preciosa reluzente no meio da lama que aparenta brilhar mais intensamente aos nossos olhos tal é o contraste, ou como uma luz na escuridão que se distingue facilmente.
###### Casper David Friedrich - dreaming man in church ruins