O Bitcoin não é bom como moeda, o dólar/euro é muito melhor?
É verdade, que a curto prazo, o #Bitcoin é mais volátil que o dólar ou euro, mas isto é a visão de ocidental, que vive com uma moeda forte (melhor dizendo, menos fraca). Para o restante da população que vive com moedas bastante inflacionárias, têm uma visão diferente.
Eu gosto de chamar isto de “viés ocidental”, na prática, é o egocentrismo das pessoas que vivem economias mais fortes e com melhores moedas FIAT, como EUA, EU, UK, Canada, Austrália e mais alguns. Assim, nesta resposta, sempre que utilizo o termo “ocidental”, estou a referir-me a este pequeno grupo, a pseudo elite.
Nós (sociedade) ocidental temos uma visão altamente egocêntrica, privilegiada, mas só olhamos para o nosso umbigo e extrapolamos que todo o mundo vive com as mesmas condições de vida, a mesma liberdade monetária, financeira e bancária que nós.
Nós temos uma visão do mundo enviesada, a condições de vida dos restantes 7 biliões de cidadãos é muito diferente da nossa.
Este viés é bem notório quando falamos de Bitcoin, onde os ocidentais têm dificuldades em ver a utilidade do bitcoin como moeda, praticamente só olham como um investimento. Para a generalidade dos ocidentais, usar o Bitcoin ou euro/dólar para pagar as compras do dia-a-dia é indiferente, mas para quem vive na Venezuela, Líbano ou outros países africanos, onde a inflação é altíssima, faz toda a diferença.
No ocidente é extremamente fácil ter uma conta bancária, existem instalações bancárias por todos os lados, qualquer pequena cidade tem várias. Mas isto não é a realidade do resto do mundo, a percentagem de desbancarizados é enorme. Existem comunidades que nem documentos têm, como vão fazer o KYC? Estarão sempre impedidos de ter serviço bancários, o Bitcoin é a melhor e única solução.
É também excelente para remessas ou transações internacionais, especialmente para os emigrantes enviarem o dinheiro para os seus países de origem. A Western Union e similares cobram percentagens absurdas por esses serviços, chega a atingir os 30% e pode demorar alguns dias. Além disso, alguns países têm regras de controle de capitais, que usurpam parte dessas remessas.
Muitos agentes dos mercados financeiros tradicionais, questionam a utilidade do Bitcoin como reserva de valor, dando exemplos das EFTs do S&P500 ou ações das 7 Magníficas como uma alternativa para combater a inflação. Aqui está o cerne da questão, nós ocidental temos fácil acesso a esses recursos, basta meia dúzia de cliques num smartphone para adquirir estes produtos financeiros, mas existem biliões de pessoas em todo planeta que não tem acesso a esses produtos, como fazem? Estas pessoas também têm o direito a fazer uma poupança, de preservar o resultado do seu esforço/trabalho.
Além disso, o Bitcoin desempenha um papel fundamental na luta pelas liberdades civis, individuais e pelos direitos humanos para todos que vivem sob regimes autoritários. Sendo o principal meio de sobrevivência dos opositores na Nicarágua, Cuba, entre outros. Não existe liberdade sem a liberdade financeira.
Este viés ocidental também afeta alguns bitcoiners, que não conseguem compreender a utilidade das layers 2 ou sidechains. Neste momento, existem países onde parte da população já está praticamente “impedida” de utilizar o Layer 1 devido aos custos de transação, como Cuba e Venezuela, mas no futuro serão muito mais países.
Para os cidadãos destes países, que apenas conseguem preservar poucos dólares, não pode pagar 5$ por uma transação na L1, 5$ possivelmente é o salário de uma semana de trabalho, para eles a Liquid é excelente.
A L1 é muito superior, mas a qualidade tem um preço, nem toda a gente tem possibilidade de pagar, essas pessoas tem apenas duas possibilidades, ou Liquid ou FIAT, entre as duas opções, sem dúvida nenhuma o Bitcoin através da Liquid é muito melhor. A possibilidade de um confisco pela Liquid é residual, mas o “confisco” do FIAT é uma realidade diária.
Quando os bitcoiners ocidentais, estudam o efeito Cantillon, revêem-se nos prejudicados e são críticos dos “Amigos do Rei”, mas isto é uma visão micro do mundo. Se tivermos uma visão mais macro, nós ocidentais somos os “Amigos do Rei" e os principais penalizados são os restantes 7 biliões.