As 6 Lições de Mises

As 6 Lições de Mises

Recentemente, a estrela do UFC Renato Moicano instou os fãs a lerem as "6 Lições" de Mises e elogiou a propriedade privada e os ensinamentos do economista austríaco. Mas o que são exatamente as 6 Lições?

"Economic Policy: Thoughts for Today and Tomorrow" consiste numa série de seis palestras proferidas por Ludwig von Mises em Buenos Aires, Argentina, em 1959. As palestras foram realizadas ao longo de várias noites para audiências compostas por empresários, estudantes e outros profissionais interessados em teorias e políticas económicas. Estas palestras encapsulam a defesa robusta que Mises faz da economia de mercado livre e a crítica às políticas intervencionistas e socialistas, condensadas em discursos acessíveis e persuasivos, destinados a um público geral, não apenas académicos.

As palestras foram posteriormente compiladas e publicadas em forma de livro pela esposa de Mises, Margit von Mises. Margit desempenhou um papel crucial na preservação e promoção do legado do seu marido, particularmente após a sua morte. Ela não só geriu os seus papéis, mas também garantiu que suas palestras e trabalhos não publicados fossem acessíveis ao público. Os seus esforços foram fundamentais na compilação destas palestras em formato de livro, tornando as ideias de Mises disponíveis para um público mais amplo, para além daqueles que puderam assistir às palestras pessoalmente.

A contribuição de Margit von Mises para a preservação e disseminação do trabalho de Ludwig foi crucial, especialmente considerando a importância contextual e histórica destas palestras. O livro não só serve como um registro dos processos de pensamento de Mises naquela época, mas também fornece insights sobre as aplicações práticas das suas filosofias económicas no contexto das condições económicas globais de meados do século XX.

Significado e Impacto

A publicação destas palestras em forma de livro teve um impacto significativo no campo da economia, particularmente entre os proponentes da Escola Austríaca de pensamento económico, da qual Mises era uma figura proeminente. Ao abordar questões económicas complexas de maneira direta, Mises tornou os princípios da Escola Austríaca acessíveis a um público mais amplo, melhorando a compreensão e apreciação dos mecanismos de mercado e da economia baseada no indivíduo.

Relevância Contemporânea

Hoje, "Economic Policy: Thoughts for Today and Tomorrow" continua a ser uma obra relevante e influente. É frequentemente citada em discussões sobre políticas económicas, especialmente em debates sobre os méritos e desvantagens do capitalismo versus sistemas económicos mais controlados. O livro serve tanto como um documento histórico quanto uma fonte contínua de filosofia económica que defende a liberdade individual e os princípios do mercado livre.

Palestra 1: Capitalismo

Esta palestra articula uma defesa convincente do capitalismo, que Mises define como um sistema caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, troca voluntária e competição. Esta perspectiva baseia-se no seu trabalho fundamental "Ação Humana", onde realiza uma análise minuciosa da ação humana e do seu papel crucial na formação dos sistemas económicos. Mises defende o capitalismo como a estrutura ideal para os indivíduos perseguirem livremente seus interesses pessoais e económicos, sem impedimentos por intervenção governamental ou coerção.

Mises argumenta que a principal vantagem do capitalismo é a sua propensão para impulsionar o crescimento económico. Ao nutrir um ambiente propício para a troca voluntária e competição, o capitalismo atua como um catalisador para a inovação e o empreendedorismo. Isso, por sua vez, leva a uma maior produtividade e expansão económica. Além disso, o capitalismo reforça a liberdade e autonomia individual, capacitando as pessoas a perseguir suas aspirações sem interferência estatal.

Sabe que a população deste planeta é hoje dez vezes maior do que nos períodos anteriores ao capitalismo? Sabe que todos os homens desfrutam hoje de um padrão de vida mais elevado do que o dos seus antepassados antes do advento do capitalismo? E como pode ter a certeza de que, se não fosse o capitalismo, estaria entre a décima parte da população que sobrevivia? A sua mera existência é uma prova do sucesso do capitalismo, seja qual for o valor que atribua à própria vida.

No entanto, Mises reconhece e aborda várias críticas ao capitalismo. Por exemplo, em resposta às afirmações de que o capitalismo gera desigualdade, ele argumenta que as diferenças de inteligência, talento e esforço são inerentes à humanidade. Ele defende que os esforços para igualar os resultados são equivocados e, em vez disso, advoga por políticas que promovam o crescimento económico e a mobilidade, permitindo que os indivíduos avancem por seus próprios esforços.

Mises também refuta a noção de que o capitalismo perpetua a exploração, onde os ricos supostamente exploram os pobres. Ele sustenta que a troca voluntária é mutuamente consensual e que os preços de mercado refletem verdadeiramente o valor que os consumidores atribuem aos bens e serviços. Esta visão contradiz fundamentalmente a ideia de que os capitalistas exploram os trabalhadores, sublinhando, em vez disso, os benefícios recíprocos da troca.

Hoje, nos países capitalistas, há relativamente pouca diferença entre a vida básica das chamadas classes mais altas e a das mais baixas: ambas têm alimento, roupa e abrigo. Mas no século XVIII, e nos séculos que o precederam, o que distinguia o homem da classe média do homem da classe baixa era o facto de o primeiro ter sapatos, e o segundo, não.

Além disso, Mises aborda preocupações de que o capitalismo leva inerentemente a monopólios, que poderiam estagnar a competição e a inovação. Ele argumenta que fomentar a competição através da desregulamentação e da proteção dos direitos de propriedade pode permitir que novos participantes desafiem as empresas estabelecidas e estimulem a inovação.

Em conclusão, o trabalho de Mises defende robustamente o capitalismo, destacando a sua capacidade de estimular o crescimento económico e promover a liberdade individual. Ao aprofundarmos nos princípios da Escola Austríaca, exploraremos ainda mais a ação humana, a economia e o papel do governo nos resultados económicos. Ao examinar as respostas de Mises às críticas ao capitalismo, ganhamos uma maior apreciação pelas vantagens deste sistema económico e pela necessidade crítica de limitar a intervenção governamental na economia.

Palestra 2: Socialismo

Nesta palestra, Ludwig von Mises oferece uma crítica rigorosa ao socialismo, um sistema económico onde a propriedade privada dos meios de produção é substituída pela propriedade estatal ou coletiva. Mises argumenta que o socialismo, apesar do seu objetivo de alcançar a igualdade social através da redistribuição de riqueza, invariavelmente leva a inúmeras ineficiências e problemas.

Principais Falhas dos Sistemas Socialistas:

  • Falta de Incentivos: Mises aponta que, sem as motivações fornecidas pela propriedade privada e pelo potencial de lucro, os indivíduos têm pouco impulso para inovar ou melhorar a eficiência. Esta falta de interesse pessoal nos resultados pode levar à estagnação e à diminuição da produtividade.
  • Problemas com o Planeamento Central: O planeamento central, uma característica comum das economias socialistas, muitas vezes resulta em má alocação de recursos. Os planejadores carecem do conhecimento localizado que os sinais de mercado fornecem, levando a processos de produção ineficientes e declínios gerais na produtividade.
  • Supressão da Liberdade: A eliminação do socialismo da propriedade privada e dos mecanismos de mercado não só compromete a autonomia individual, mas também limita a liberdade pessoal, uma vez que as escolhas económicas passam a ser fortemente reguladas pelo estado.

Um sinónimo de socialismo e comunismo é "planeamento". Quando falam de "planeamento", as pessoas referem-se, evidentemente, a um planeamento central, o que significa um plano único, feito pelo governo — um plano que impede todo o planeamento feito por outra pessoa.

Evidência Histórica:

Mises utiliza exemplos históricos para fundamentar sua crítica. Ele refere as dificuldades económicas enfrentadas pela União Soviética sob a governança socialista, que foram caracterizadas por ineficiências generalizadas e escassez. Ele também critica os esforços de nacionalização em países europeus durante a Segunda Guerra Mundial, que, segundo ele, levaram à estagnação económica e ao crescimento reduzido.

Ineficiências Burocráticas:

Segundo Mises, o foco do socialismo na propriedade coletiva e no planeamento central resulta em excessiva burocracia, que pode impedir a tomada de decisões e a inovação. O foco em atingir metas de produção arbitrárias, em vez de responder às demandas do mercado, muitas vezes resulta em processos de produção desatualizados ou ineficientes.

Por meio de sua crítica ao socialismo, Mises sublinha a importância crítica da propriedade privada, da liberdade individual e dos mecanismos de mercado na promoção da prosperidade económica e do desenvolvimento humano. Ao examinar os fundamentos teóricos, as críticas e os fracassos empíricos do socialismo, obtemos uma compreensão mais clara dos potenciais perigos dos sistemas económicos coletivistas e dos benefícios de limitar o controle governamental sobre a economia.

Contrastando com o Capitalismo:

Mises contrasta esses problemas com os benefícios do capitalismo, como delineado em sua palestra anterior, enfatizando que as liberdades e eficiências inerentes a uma economia de mercado levam a melhores resultados para a riqueza e o bem-estar individuais e sociais. À medida que continuamos a explorar as ideias da Escola Austríaca, os princípios da ação humana, da economia e do papel mínimo do governo nos assuntos económicos tornam-se cada vez mais evidentes, destacando as vantagens da liberdade individual e dos mecanismos baseados no mercado na promoção da prosperidade económica e do florescimento humano.

Ao sair de uma loja nos Estados Unidos, é comum vermos um cartaz com os seguintes dizeres: “Gratos pela preferência. Volte sempre”. Mas ao entrarmos numa loja de um país totalitário — seja a Rússia de hoje, seja a Alemanha de Hitler —, o gerente dir-nos-á: “Agradeça ao grande líder, que lhe está a proporcionar isto.” Nos países socialistas, em vez de ser o vendedor, é o comprador que deve ficar agradecido. Não é o cidadão que manda; quem manda é o Comité Central, o Gabinete Central. Estes comités, os líderes, os ditadores, são supremos; ao povo cabe simplesmente obedecer-lhes.

Palestra 3: Intervencionismo

Nesta palestra, Mises explica o intervencionismo como um sistema económico onde o governo ultrapassa as suas funções essenciais — proteger a propriedade e prevenir fraudes — para interferir nas operações de mercado como preços, salários, taxas de juro e lucros. Segundo Mises, esta abordagem é profundamente falha, forçando os empresários a tomar decisões que se desviam daquelas que escolheriam num mercado regido exclusivamente pelas preferências dos consumidores.

Tem [o governo] o dever de proteger as pessoas dentro do país contra as investidas violentas e fraudulentas de bandidos, bem como de defender o país contra inimigos externos. São estas as funções do governo num sistema livre, no sistema da economia de mercado.

Consequências do Intervencionismo:
Mises destaca vários efeitos prejudiciais do intervencionismo na economia:

  • Instabilidade Económica: A manipulação governamental da oferta monetária e do crédito pode levar à inflação, que mina o valor do dinheiro e cria ciclos económicos de altos e baixos. Estes ciclos perturbam o planeamento empresarial e o investimento, pois as empresas não conseguem prever as condições económicas futuras de forma fiável.
  • Inovação Refreada: Ao restringir as forças de mercado, o intervencionismo limita a criatividade individual e a inovação. Quando o governo dita ações económicas, reduz o incentivo para que as empresas inovem e respondam de forma ágil às demandas do mercado.
  • Ineficiência e Desperdício: As políticas intervencionistas muitas vezes levam ao desalocamento de recursos e a ineficiências na produção. Os planejadores governamentais carecem do conhecimento localizado que os empresários e os mercados naturalmente utilizam para alocar recursos de maneira mais eficaz.

Exemplos Históricos:
Mises usa casos históricos específicos para ilustrar seus pontos:

  • Ele cita as políticas intervencionistas dos anos 1920 e 1930, como as políticas monetárias do Federal Reserve e o Ato Tarifário Smoot-Hawley, como exacerbando a Grande Depressão.
  • Ele faz referência à hiperinflação da Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, desencadeada pelo excessivo gasto governamental e criação de dinheiro, como um aviso severo dos riscos do intervencionismo.

Por meio desta crítica, Mises sublinha a necessidade de limitar a intervenção governamental e permitir que os mecanismos de mercado livre operem. Ele postula que a saúde de uma economia e a prosperidade da sua sociedade dependem do grau em que os mercados livres são permitidos funcionar sem interferência governamental.

O intervencionismo significa que o governo não só falha em proteger o funcionamento harmonioso da economia de mercado, mas também interfere em vários fenómenos de mercado: interfere nos preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro.

As percepções de Mises sobre os perigos do intervencionismo são profundamente relevantes hoje. Ao entender essas armadilhas, podemos apreciar as virtudes de uma economia de mercado e reconhecer a importância de restringir o alcance governamental nos assuntos económicos.

Palestra 4: Inflação

Nesta palestra, Mises oferece uma exploração abrangente da inflação, identificando-a como um fenómeno monetário primário com impactos económicos e sociais profundos. Ele afirma que a causa central da inflação é a expansão excessiva da oferta monetária pelos bancos centrais, que introduz novo poder de compra na economia que não é acompanhado por um aumento na produção. Essa discrepância leva a aumentos de preços à medida que os consumidores correm para gastar sua nova riqueza.

[...] se a quantidade de dinheiro aumenta, o poder de compra da unidade monetária diminui, e a quantidade de bens que pode ser adquirida com uma unidade desse dinheiro também se reduz.

Mises também aponta contribuintes adicionais para a inflação, tais como gastos governamentais excessivos, endividamento e políticas fiscais expansionistas como cortes de impostos ou aumento dos gastos governamentais. Essas ações podem estimular ainda mais a demanda e exacerbar os aumentos de preços, levando à inflação.

As ramificações da inflação, segundo Mises, são severas e de amplo alcance. Ela mina o valor das poupanças, complicando o planeamento financeiro e a realização de objetivos individuais. A inflação também injeta incerteza no planeamento económico, tornando desafiador para as empresas tomar decisões de investimento informadas, pois os preços futuros tornam-se imprevisíveis. Adicionalmente, a inflação pode distorcer a alocação de recursos, levando indivíduos e empresas a priorizar ganhos de curto prazo em detrimento da produtividade a longo prazo.

Para combater a inflação, Mises recomenda várias medidas:

  • Disciplina Monetária: Os bancos centrais devem exercer contenção e evitar a expansão excessiva da oferta monetária.
  • Padrão Ouro: A adoção de um padrão ouro poderia restringir a capacidade dos bancos centrais de imprimir dinheiro indiscriminadamente, controlando assim a inflação.
  • Responsabilidade Fiscal: Os governos precisam reduzir seus gastos para evitar alimentar ainda mais a inflação.
  • Indexação de Salários e Contratos: Implementar mecanismos que ajustem salários e contratos para refletir a inflação pode ajudar a mitigar seus impactos.

O governo pode considerar que, como método de arrecadar fundos, a inflação é melhor que a tributação: esta é sempre impopular e de difícil execução. Em muitas nações grandes e ricas, os legisladores muitas vezes discutiram, por meses a fio, várias modalidades de novos impostos, tornados necessários em decorrência de um aumento de gastos decidido pelo parlamento. Após discutir inúmeros métodos de angariar dinheiro por meio da tributação, finalmente chegaram à conclusão de que talvez o melhor fosse obtê-lo através da inflação.

Em conclusão, a discussão de Mises sobre inflação sublinha a necessidade de manter a disciplina monetária e adotar políticas fiscais sólidas para garantir a estabilidade económica. Suas recomendações visam proteger as economias dos efeitos perturbadores da inflação e enfatizam a importância de uma moeda estável para fomentar a prosperidade económica.

Palestra 5: Investimento Estrangeiro

Nesta palestra, Ludwig von Mises enfatiza o papel crucial do investimento estrangeiro no estímulo ao crescimento e desenvolvimento económico. Ele vê o investimento estrangeiro como um meio essencial de introduzir novas tecnologias, expertise em gestão e capital, que, coletivamente, podem melhorar as indústrias locais e impulsionar a expansão económica.

O padrão de vida é mais baixo nos chamados países em desenvolvimento porque os ganhos médios para os mesmos géneros de trabalho são mais baixos nesses países do que em alguns outros da Europa Ocidental, que no Canadá, no Japão e, especialmente, nos Estados Unidos. Se investigarmos as razões dessa diferença, seremos obrigados a reconhecer que ela não decorre de uma inferioridade dos trabalhadores ou de outros empregados.

Mises argumenta que os países anfitriões colhem benefícios significativos do investimento estrangeiro. Estes incluem acesso a tecnologias de ponta e práticas de gestão que podem aumentar a produtividade e competitividade. Além disso, o influxo de capital de investidores estrangeiros ajuda a criar empregos, estimular as indústrias locais e acelerar o crescimento económico.

Para maximizar os benefícios do investimento estrangeiro, Mises defende um conjunto de políticas centradas na liberalização económica e mínima interferência governamental. Ele defende o livre comércio como um mecanismo para permitir que bens e serviços se movam através das fronteiras sem impedimentos, o que fomenta a especialização e aumenta a eficiência. A liberdade de capital também é crucial, segundo Mises, pois permite que os investidores persigam as oportunidades mais lucrativas, otimizando assim a alocação de recursos. Além disso, ele enfatiza a importância de direitos de propriedade robustos para garantir que os investidores estrangeiros não sejam expropriados nem sobrecarregados por regulamentações arbitrárias.

O governo indiano não é contrário ao capital estrangeiro antes de este ser investido. A hostilidade só começa quando já está investido. Neste livro – cito literalmente – o Sr. Nehru diz: “Desejamos, é claro, socializar. Mas não somos contrários à iniciativa privada. Desejamos encorajar de todas as maneiras a iniciativa privada. Queremos assegurar aos empresários que investem no país que não os expropriaremos ou os socializaremos num prazo de dez anos, talvez até por mais tempo.” E ele supunha estar fazendo um convite estimulante.

A análise de Mises também aborda as possíveis desvantagens de um investimento estrangeiro mal gerido, como a dependência excessiva de capital externo e a possível erosão das indústrias locais. No entanto, ele mantém que esses riscos podem ser mitigados através de escolhas políticas sábias que priorizam a liberdade económica e um ambiente de negócios acolhedor.

Em conclusão, a palestra de Mises sobre investimento estrangeiro sublinha a sua importância como motor de crescimento económico e como um potenciador da competitividade no mercado global. Ao adotar políticas que encorajam o livre comércio, mobilidade de capital e direitos de propriedade fortes, os países podem efetivamente aproveitar o potencial do investimento estrangeiro para melhorar a sua posição económica e a qualidade de vida dos seus cidadãos. À medida que continuamos explorando as ideias da Escola Austríaca, apreciamos mais profundamente o impacto profundo das políticas económicas liberais no fomento da prosperidade e do desenvolvimento.

Palestra 6: Políticas e Ideias

Nesta palestra de conclusão, Ludwig von Mises sintetiza os princípios fundamentais da sua filosofia económica, defendendo consistentemente uma abordagem laissez-faire. Ele enfatiza a primazia da liberdade individual e dos mecanismos de mercado na orientação eficiente da alocação de recursos e estabilidade económica.

Mises opõe-se firmemente ao intervencionismo, que ele vê como um precursor de instabilidade económica e ineficiência. Em vez disso, ele defende a disciplina monetária e um padrão ouro para prevenir a inflação e promover estabilidade. A sua defesa estende-se ao comércio livre e à proteção rigorosa dos direitos de propriedade, que ele argumenta serem indispensáveis para fomentar o crescimento e desenvolvimento económico.

Um grupo de pressão é um grupo de pessoas desejoso de obter um privilégio à custa do restante da nação. Esse privilégio pode consistir numa tarifa sobre importações competitivas, pode consistir em leis que impeçam a concorrência de outros.

Central ao discurso de Mises é o impacto das ideias e ideologias na política económica. Ele alerta que as políticas económicas são frequentemente mais moldadas por predisposições ideológicas do que por evidência empírica. Ele postula que a propagação de ideias erradas pode levar a resultados económicos desastrosos, enquanto que ideias sólidas podem melhorar significativamente a prosperidade económica.

Um famoso autor espanhol falou a respeito da “revolta das massas”. Devemos ser muito cuidadosos no uso desse termo, porque essa revolta não foi feita pelas massas: foi feita pelos intelectuais, que, não sendo homens do povo, elaboraram doutrinas. Segundo a doutrina marxista, só os proletários têm boas ideias, e a mente proletária, sozinha, engendrou o socialismo. Todos esses autores socialistas, sem exceção, eram “burgueses”, no sentido em que eles próprios, socialistas, usam o termo.

Olhando para o futuro, Mises vislumbra uma economia global libertada da intervenção governamental excessiva, onde os mercados livres são os principais motores da alocação de recursos. Ele apela à reinstalação do padrão ouro para conter a manipulação monetária e advoga por um comércio internacional desimpedido. Acima de tudo, Mises sublinha a importância de manter as liberdades individuais e a interferência governamental mínima nas atividades económicas.

Através desta palestra, Mises articula uma visão clara para as políticas económicas futuras, enraizadas nos princípios do liberalismo clássico. Seus ensinamentos enfatizam a importância duradoura da liberdade individual, eficiência de mercado e intervenção estatal mínima, fornecendo um plano coerente para a liberalização económica e a salvaguarda das liberdades pessoais e económicas.

Conclusão

Através das suas influentes palestras compiladas em "Economic Policy: Thoughts for Today and Tomorrow", Ludwig von Mises oferece uma exploração rigorosa dos princípios económicos, apresentando um caso profundo para a importância da liberdade individual, dinâmicas de mercado e mínima intervenção governamental. As suas perspetivas continuam a ressoar, moldando a política económica moderna e o pensamento liberal clássico.

Metodologia Económica: Na sua primeira palestra, Mises enfatiza a importância do raciocínio lógico e evidência do mundo real em detrimento de modelos matemáticos abstratos, que acredita muitas vezes não captarem as nuances do comportamento económico. O seu foco em estruturas teóricas e análise conceitual procura fundamentar o pensamento económico na realidade em vez de em equações idealizadas.

Ação Humana: O conceito de ação humana, introduzido na segunda palestra, forma a pedra angular da economia austríaca. Mises argumenta que a economia é fundamentalmente sobre indivíduos agindo por interesse próprio, tomando decisões independentemente do governo ou forças de mercado coletivas. Esta perspetiva sublinha a importância da autonomia pessoal e trocas voluntárias numa economia saudável.

Processo de Mercado: Ao discutir o processo de mercado, Mises destaca como o espírito empreendedor e a competição são cruciais para a inovação e desenvolvimento económico. O ajuste dinâmico dos preços em resposta a sinais de oferta e procura facilita este processo, impulsionando avanços sociais e aumento do bem-estar.

Inflação: A quarta palestra trata da inflação, que Mises identifica como um resultado destrutivo da interferência dos bancos centrais no fornecimento de dinheiro. Ele ilustra vividamente como a inflação mina as poupanças, fomenta a incerteza e resulta na má alocação de recursos, contribuindo para a malaise económica mais ampla.

Investimento Estrangeiro: Mises defende o investimento estrangeiro como um catalisador para o progresso económico na sua quinta palestra. Ao advogar por comércio aberto e barreiras regulatórias mínimas, ele sublinha como os fluxos de capital internacional podem trazer avanço tecnológico, competência de gestão e crescimento económico geral.

Políticas e Ideias: Por fim, Mises explora o impacto profundo das bases ideológicas na política económica. Ele promove uma política económica laissez-faire, argumentando vigorosamente contra o intervencionismo e a favor de políticas que protejam as liberdades individuais e fomentem a alocação de recursos liderada pelo mercado.

Em resumo, as palestras de Mises articulam uma visão convincente para a política económica que privilegia a agência individual, processos de mercado e um papel restrito para o governo. O seu trabalho não só critica sistemas económicos prevalentes como o socialismo e intervencionismo, mas também estabelece uma base intelectual robusta para a defesa dos mercados livres e direitos individuais. À medida que continuamos a enfrentar desafios económicos e políticos hoje, a relevância intemporal das ideias de Mises oferece perspetivas valiosas para fomentar ambientes que encorajem estabilidade económica, crescimento e florescimento humano.