Caso Lehman Brothers e o estopim das operações financeiras posteriores

Caso Lehman Brothers e o estopim das operações financeiras posteriores

Durante a década de 1990, houve o aumento da globalização da economia, determinando a adição do fluxo internacional de capitais, de produtos e serviços. Este fenômeno levou a uma interdependência maior entre as economias dos países. Justamente por causa da possibilidade de que um eventual colapso econômico em um país resulte no contágio dos demais. Diante disso, aumentou a preocupação com os riscos incentivando a utilização de sofisticados modelos e estratégias de avaliação de gestão de risco.

Na década, ganharam destaque ainda os graves problemas financeiros enfrentados, entre outros, pelo banco inglês Barings Bank, e pelo fundo de investimento norte-americano Long Term Capital Management.

Outro grande destaque foi a fraude superior a US$ 7 bilhões sofrida pelo banco Société Generale em Janeiro de 2008.

O Barings Bank é um banco inglês que faliu em 1995 em razão de operações financeiras irregulares e mal-sucedidas realizadas pelo seu principal operador de mercado. O rombo da instituição foi superior à US$ 1,3 Bilhão e causado por uma aposta equivocada no desempenho futuro no índice de ações no Japão. Na realidade, o mercado acionário japonês caiu mais de 15% na época, determinando a falência do banco. O Baring Bank foi vendido a um grupo financeiro holandês (ING) pelo valor simbólico de uma libra esterlina.

O Long Term Capital Management era um fundo de investimento de que perdeu em 1998 mais de US$ 4,6 bilhões em operações nos mercados financeiros internacionais. O LTCM foi socorrido pelo Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve ), que coordenou uma operação de socorro financeiro à instituição. A justificativa do Banco Central para esta decisão era "o receio das possíveis consequências mundiais da falência do fundo de investimento".

O banco francês Société Generale informou, em janeiro de 2008, uma perda de US$ 7,16 bilhões determinadas por fraudes efetuadas por um operador do mercado financeiro. Segundo revelou a instituição, o operador assumiu posições no mercado sem o conhecimento da direção do banco. A instituição teve que recorrer a uma urgente captação de recursos no mercado próxima a US$ 5,0 bilhões.

E finalmente chegamos ao caso mais problemático da era das finanças modernas anterior ao Bitcoin, o caso Lehman Brothers.

O Lehman Brothers era o 4° maior de investimentos dos EUA quando pediu concordata em 15/09/2008 com dívidas que superavam inacreditáveis US$ 600 bilhões.

Não se tinha contas correntes ou talão de cheques do Lehman Brothers. Era um banco especializado em investimentos e complexas operações financeiras. Havia feito pesados investimentos em empréstimos a juros fixos no famigerado mercado subprime, e o crédito imobiliário voltado a pessoas consideradas de forte risco de inadimplência.

Com essa carteira de investimentos que valia bem menos que o estimado e o acúmulo de projetos financeiros, minou a confiança dos investidores na instituição de 158 anos. Suas ações passaram de US$ 80 a menos de US$ 4. Acumulando fracassos nas negociações para levantar fundos; a instituição de cerca de 25 mil funcionários entrou em concordata.

O Federal Reserve resgatou algumas instituições financeiras grandes e tradicionais norte-americanas como a seguradora AIG no meio da crise. O Fed injetou um capital de US$ 182, 3 bilhões no American International Group (AIG).

Foi exatamente essa decisão do Fed em salvar alguns bancos e deixar quebrar outros, que causou insegurança por parte dos clientes. E os clientes ficaram insatisfeitos tanto com os bancos de investimentos quanto com as agências de classificação de risco, como a Standard & Poor's que tinha dado uma nota alta para o Lehman Brothers no mesmo dia em que ele quebrou.

E essa foi uma das razões pelo qual o Bitcoin foi criado. Satoshi Nakamoto entendeu que as pessoas não estavam mais confiando nem no Governo, nem nos Bancos Privados que o Governo federal restagatava quando eles quebravam e isso prejudicou muita gente. Tanto que o “hash” do Genesis Block contém o título do artigo “Chancellor on brink of second bailout for banks” (Chanceler à beira de segundo resgate para bancos, em português) da edição britânica do The Times.

Esse texto foi parcialmente editado do texto de ASSAF Neto, CAF (2014).

This post and comments are published on Nostr.